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Arquitetos: Luciano Lerner Basso
- Área: 510 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Marcelo Donadussi
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Fabricantes: Arte Piso artefatos de cimento, Atlas Concorde, Badalotti Gesso, Cansian Móveis, Castelatto, Cencerros Móveis Rústicos, Deca, Ebaiana, Eccostone, Fujitsu, Itagres, Jader Almeida, MG3 Marmores e Granitos, Pavão Revestimentos, Portinari, Porto Design, Weiku
Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa 4.16.3 está localizada na cidade de Erechim, no interior do Estado do Rio Grande do Sul, cerca de 400 km da capital Porto Alegre. Construído em um terreno marcado por um aclive de vinte metros e pela existência de diversas espécies vegetais nativas, o projeto buscou alterar minimamente a topografia, propondo uma construção que assenta-se em uma de suas cotas mais elevadas e desde lá desenvolve-se ora acomodando-se no perfil natural e ora pairando sobre este.
O programa foi dividido em dois volumes: o primeiro com 42 metros de comprimento e 8 metros de largura, posicionado de forma paralela as curvas de nível, abriga os serviços e a área íntima da casa. O segundo está um pavimento abaixo e acomoda a parte social. Ligando-se diretamente ao pátio e à área da piscina. Os dois blocos formam um “T”, assim como as Prairie Houses de Frank Lloyd, e articulam-se através da circulação vertical. No encontro entre os eixos imaginários há um pé-direito duplo que une os volumes e permite que a área íntima da casa se aproprie espacialmente da área social.
Existem dois acessos, um de uso cotidiano dos seus moradores, que se dá através da garagem e permite que apesar da topografia acidentada a moradia seja usufruída como se fosse térrea, uma vez que o programa básico encontra-se completamente no mesmo nível. O outro acesso se dá pelo nível inferior, pela sala de estar com pé-direito duplo, e nele chega-se através de uma promenade architecturale que inicia no passeio público, passa sob o balanço estrutural de 4,5 metros de comprimentos e desenvolve-se pelo pilotis abaixo do volume principal.
Sobre a laje do volume mais baixo há um terraço jardim acessado desde o estar íntimo e junto ao salão da churrasqueira há outro terraço, onde está a piscina. Desde ambos o usuário se posiciona no mesmo nível das copas das árvores e neste chão artificial se apropria da vista como se a paisagem fosse habitável.
A obra é materializada através das técnicas construtivas comuns da região, a estrutura é em concreto armado e as paredes são em alvenaria de tijolos cerâmicos revestidos com reboco de argamassa de cimento e areia. A mão de obra utilizada foi local e além do extremo respeito pelo perfil natural do terreno a casa possui reaproveitamento de água da chuva; aquecimento através de energia solar; ventilação e iluminação natural em todos os cômodos; redução de perdas energéticas através de paredes externas duplas com câmara de ar e também de esquadrias de alto desempenho com vidros duplos. Atitudes pontuais, mas que em conjunto fazem diferença em pró do meio ambiente.
Esta residência nos foi encomendada por um casal que antes de ser cliente já era amigo, com filhos que até então vimos crescer. O ato projetual assumiu mais do que nunca as matizes que pautam o trabalho do arquiteto, onde a técnica é um meio para a construção de espaços humanos, sensíveis e adequados ao lugar.